O verdadeiro objetivo do conhecimento profético se alcança apenas pela reforma interior, e não pelo conhecimento acumulado em si mesmo.

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quarta-feira, 18 de agosto de 2021

A tempestade perfeita

 Olá a todos,

A expressão "tempestade perfeita", do inglês “perfect storm”, refere-se a uma situação na qual um evento desfavorável é agravado pela ocorrência de uma combinação de outras circunstâncias ruins.




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Em 09 de agosto de 2021, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, em inglês), divulgou em tom grave o seu relatório sobre o clima. Neste ano de 2021, eventos extremos e incomuns tem sido a regra. 

Abaixo apenas alguns exemplos entre Julho e Agosto de 2021

Uma seca incomum no Brasil, que encarece e compromete o fornecimento de energia elétrica ao Pais, devido à dependência de hidrelétricas para a geração. Ainda em Julho anunciou-se que a Amazônia passou a emitir mais CO2 do que absorve, e a região se aproxima da savanização.

No mesmo período, um frio extremo ocorreu nas regiões sul e sudeste do Pais, comprometendo safras de café e milho, por exemplo. Em um dado momento, mais de 40 cidades no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, tiveram ocorrência de neve.


O Brasil está secando

(Cataratas do Iguaçu, abaixo imagem de 06/2021)

Análises de imagens de satélite do território brasileiro entre 1985 e 2020 mostram que, em apenas 35 anos, há perda de superfície de água em oito das 12 regiões hidrográficas, em todos os biomas do Brasil.  A redução de água doce no país entre 1991 e 2020 foi de 15,7%”.  

Os dados são dos pesquisadores do MapBiomas, que é atualmente a plataforma com base de dados mais atualizada sobre as transformações da cobertura e uso da terra no Brasil. Somente a região do  Pantanal perdeu 74% da água desde 1985. 

Em 24 de Agosto de 2021, o Governo Federal do Brasil autorizou o início de plano de racionamento de energia, pela falta de geração em hidrelétricas devido a seca. O regime de chuvas em 2021 foi o pior em 90 anos.

Já em Maio de 2022, o numero de mortos devido a enchentes e deslizamentos, causados por chuvas no Brasil, superou o numero de vitimas fatais de todo o ano de 2021. (matéria jornalística - Junho/2022)

LEIA:

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Na América do norte, no Canadá, fez mais de 46°C em Julho, época do verão por lá, quebrando todos os recordes de calor no País. No EUA fez mais de 47°C, com incêndios enormes cobrindo ambos os países. Estes fatos foram amplamente noticiados.

Na Europa tivemos o recorde de calor no continente, com 48.8°C na Itália, provocando incêndios neste País. Grandes incêndios também foram registrados na Turquia, Grécia, França, Albânia, Portugal, Croácia e Espanha

Incêndios por causa do calor foram registrados na Sibéria (Rússia), aonde fez mais de 38°C, e também na China.

Ainda na Europa, em Julho, houve as maiores enchentes registradas no Continente, atingindo países como Alemanha, Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Suíça, com rios transbordando e centenas de mortos.

E pela primeira vez, se registra chuva na Groenlândia,  a aproximadamente 3000 metros acima do nível do mar.

O National Snow and Ice Data Center (NSIDC) revela que no dia 14 de agosto, as temperaturas no cume da Groenlândia foram positivas pela terceira vez em menos de uma década. Algumas zonas estavam 18º C mais quentes do que a temperatura média.

Esse aumento da temperatura ajudou a criar um fenómeno de chuva extrema, que fez cair intermitentemente sete bilhões de toneladas de água sobre o manto de gelo, durante 13 horas.

"É a primeira vez que isso se observa", afirmou Zoe Courville, engenheira de investigação do Laboratório de Investigação e Engenharia de Regiões Frias.

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Frio extremo em Fevereiro, no Hemisfério Norte

Em fevereiro de 2021, uma das principais manchetes do Mundo falava do frio no Texas, um dos estados mais quentes do EUA em que a temperatura estava a -15°C na época, a ponto do presidente Joe Biden aprovar em 20 de fevereiro, uma declaração de desastre no Texas, atendendo ao pedido do governador Greg Abbott. O estado já estava em emergência por conta das fortes tempestades de neve que aconteciam há dias. (Matéria Jornalística)

Além do Texas, Alabama, Oregon, Oklahoma, Kansas, Kentucky e Mississipi declararam emergências relacionadas ao inverno rigoroso em fevereiro último. Em fevereiro de 2021 a neve cobriu 72% do território dos EUA.

Depois do frio extremo em fevereiro de 2021, apenas 04 meses depois a América do Norte experimentava o mês de junho mais quente já registrado.

Ao longo dos anos temos vários exemplos de eventos climáticos diferenciados ou extremos, causando prejuízos e vitimando animais, plantas e seres humanos, sendo o foco de operações de reconstrução, socorro e resgate que envolvem US$ bilhões.

O ano de 2020 foi o mais caro de todos os tempos para condições climáticas severas, incluindo fortes tempestades, tornados e granizo, com US$ 63 bilhões em danos. Provavelmente estes números serão superados em 2021.  

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Código Vermelho

Voltando ao relatório do IPCC, é considerado o mais abrangente e conclusivo documento sobre a crise climática. Tem mais de 3 mil páginas e foi escrito por mais de 200 cientistas de 60 países, citando mais de 14.000 estudos individuais. Vem sendo chamado de "código vermelho para a humanidade".

O relatório mostra que o mundo provavelmente atingirá ou excederá 1,5 °C de aquecimento nas próximas duas décadas, mais cedo do que em avaliações anteriores. Limitar o aquecimento a este nível e evitar os impactos climáticos mais severos depende de ações ainda nesta década.

Somente cortes ambiciosos nas emissões permitirão manter o aumento da temperatura global em 1,5°C, o limite que os cientistas dizem ser necessário para prevenir os piores impactos climáticos, e isso não vai acontecer sem variadas e profundas mudanças tecnológicas, politicas e sociais. 

Porque a tendência é o aumento de emissões, não sua redução, e isso significa que as previsões feitas e já pessimistas, podem se acelerar.

Em um cenário de altas emissões, o IPCC constata que o mundo pode aquecer até 5,7°C até 2100, com resultados catastróficos. Esse aumento acarretaria mais acontecimentos climáticos extremos, como secas, inundações ou ondas de calor e de frio. As consequências afetariam desde a infra-estrutura e propriedades, a produção de bens de consumo e de alimentos, além de ceifar vidas.

Há uma medida “simples” a ser tomada sobre isso, ou seja, parar de queimar combustíveis fósseis. Outra medida “simples” é parar de degradar o meio ambiente e atuar para recuperá-lo.

Mas governos, empresas e indivíduos estão falhando seguidamente em fazer ambas as coisas.

Os peritos reconhecem que uma redução de emissões não terá efeitos na temperatura global até que se passem pelo menos 20 anos, mas os benefícios na diminuição da contaminação atmosférica serão rapidamente percebidos.

Atualmente, o IPCC possui 195 países-membros, entre eles o Brasil.

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Por meio de suas avaliações, o IPCC determina o estado do conhecimento sobre a mudança do clima, identifica onde há consenso na comunidade científica, e em que áreas mais pesquisas são necessárias. 

Os relatórios resultantes da avaliação do IPCC devem ser neutros, relevantes para a política, e não devem ser prescritivos, ou seja, não tem poder de ordem. Suas avaliações constituem bases fundamentais para as negociações internacionais que visam o enfrentamento da mudança do clima.

Cinco principais pontos de destaque no atual relatório:

  • Estamos a caminho de atingir 1,5 °C de aquecimento mais cedo do que o previsto anteriormente

Se o mundo seguir um caminho de alto carbono, o aquecimento global poderá subir para 3,3-5,7°C acima dos níveis pré-industriais no final do século. Para colocar isso em perspectiva, o mundo não experimentou um aquecimento global de mais de 2,5°C nos últimos 3 milhões de anos.

  • Limitar o aquecimento global a 1,5°C até o final do século ainda está ao nosso alcance, mas requer mudanças transformadoras

Se o mundo tomar medidas muito ambiciosas para conter as emissões na década de 2020, ainda podemos limitar o aquecimento a 1,5°C até o final do século. Este cenário inclui um pico potencial de 1,6°C entre 2041 e 2060, após o qual as temperaturas caem abaixo de 1,5°C até o final do século.

  • Agora é inequívoco que as emissões causadas pelo homem, como a queima de combustíveis fósseis e o corte de árvores, são responsáveis pelo aquecimento recente.

A ciência da atribuição que liga eventos extremos ao aquecimento induzido pelo homem tornou-se muito mais sofisticada, graças a maiores dados observacionais, reconstruções paleoclimáticas aprimoradas, modelos de alta resolução, capacidade maior de simular o aquecimento recente e novas técnicas analíticas. Os cientistas também descobriram que a influência humana é o principal motor de muitas mudanças na neve e no gelo, nos oceanos, na atmosfera e na terra.

  • As mudanças que já estamos vendo são sem precedentes na história recente e afetarão todas as regiões do globo

A mudança climática já impactou todas as regiões da Terra. Não estamos apenas quebrando recordes de aquecimento e outros impactos, mas o mundo em que vivemos hoje não tem paralelo recente.

  • Cada fração de aquecimento leva a impactos mais perigosos e custosos

Cada fração de aquecimento realmente importa – seja relacionada à intensidade e frequência das precipitações extremas, à severidade das secas e ondas de calor ou à perda de gelo e neve. Muitas consequências das mudanças climáticas se tornarão irreversíveis com o tempo, principalmente o derretimento das camadas de gelo, a elevação dos mares, a perda de espécies e a acidificação dos oceanos. E os impactos continuarão a aumentar e se agravar à medida que as emissões aumentam.

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Acordo de Paris

O Acordo de Paris é um compromisso mundial sobre as alterações climáticas e prevê metas para a redução da emissão de gases do efeito estufa. Para que esse acordo entrasse em vigor, era necessário que os países que representam em torno de 55% da emissão de gases de efeito estufa, o ratificassem. 

Em 12 de dezembro de 2015, o acordo foi assinado após várias negociações, entrando em vigor em 4 de novembro de 2016. 

196 países assinaram e 147 ratificaram.  Os Estados Unidos saiu do Acordo em 2017, durante o governo Donald Trump, e em 2021 o país voltou a seguir o tratado no Governo Biden.

O principal objetivo do Acordo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, um resíduo da queima de combustíveis fósseis como carvão mineral, a gasolina e o diesel.

O dióxido de carbono representa em torno de 60% dos gases de efeito estufa que são lançados em nossa atmosfera, e há também o Metano e os Clorofluorcarbonetos, dentre outros gases de menor participação.

A única maneira de retirar o dióxido de carbono de nosso meio é através da fotossíntese, e como nas últimas décadas a devastação das florestas se intensificou e as emissões aumentaram, o nível de CO2 tende a disparar. 

Existem tecnologias propostas para reduzir a concentração de CO2 da atmosfera, que envolvem a captura e armazenamento de carbono. De fato, precisamos remover bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono da atmosfera, ao mesmo tempo em que reduzimos estas emissões.

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Captura e armazenamento de carbono

Captura e armazenamento de carbono, ou captura e armazenamento de dióxido de carbono (ou CCS, do inglês carbon capture and storage), refere-se a uma tecnologia que tenta travar a emissão de grandes quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera.

O principal objetivo desta nova tecnologia é capturar e armazenar o CO2, sem consequências nocivas para o meio ambiente.

A captura de CO2 consiste dos diversos procedimentos aplicados para que esse gás possa ser retido em processos produtivos, e posteriormente armazenado. As três principais linhas de captura são captura por pós-combustão, captura por oxi-combustível e captura por pré-combustão.

Quanto ao armazenamento de CO2, este só pode ser realizado em formações geológicas específicas, adequadas para a retenção do gás.


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O desmatamento global já atingiu um nível muito prejudicial ao planeta

Eliminar matas nativas, além de matar com dezenas de espécies de animais e plantas que neles vivem, significa também destruir mananciais, e em vários casos, significa acabar com verdadeiros “rios voadores” que levam a umidade a regiões férteis e mais densamente habitadas, e que precisam desta água.

Desmatar representa um enorme prejuízo local e global, na absorção do dióxido de carbono e na perda de biodiversidade.

O Brasil assinou o Acordo de Paris em 2015, comprometendo-se a reduzir até 2025 suas emissões de gases de efeito estufa em até 37% (comparados aos níveis de 2005), estendendo essa meta para 43% até 2030. 

Só no primeiro ano do atual Governo, 2019, as emissões do Brasil registraram o maior aumento desde 2003 e subiram 9,6% (a estimativa para 2020 é que tenha dobrado), principalmente devido as queimadas e desmatamento na Amazônia, visando principalmente o contrabando de madeira e a expansão do agronegócio. Outro objetivo tem sido o garimpo ilegal.

72% das emissões de 2019 tiveram relação com atividades rurais, como a agropecuária e mudanças no uso do solo (desmatamento e queimadas), tornando o Brasil o quinto emissor global de gases de efeito estufa. 

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Fitoplancton e fotossintese

O fitoplâncton compreende o conjunto de algas microscópicas e de cianobactérias, que habitam os oceanos e outros ecossistemas aquáticos. É encontrado próximo à superfície, devido a necessidade de captar a luz solar para realizar a fotossíntese.

Estima-se que 50 a 80% do oxigênio da Terra seja produzido nos oceanos. 

A maior parte dessa produção é realizada pelo fitoplâncton, mas também por algas e outras plantas marinhas, e que também absorvem quantidade considerável de CO2 da atmosfera.

Nossa ação está comprometendo os ecossistemas marinhos, e além de poluir, estarmos mudando lentamente o PH dos oceanos, em um processo chamado de acidificação, justamente devido ao excesso de CO2. 

Se este processo continuar, acabaremos comprometendo a existência de fitoplancton, que além de gerar Oxigênio, é a base da cadeia alimentar nos oceanos, servindo de alimento ao zooplancton.  

Sem o fitoplancton, a vida nos oceanos praticamente irá desaparecer e perderemos, além de toda a biodiversidade marinha, uma fonte fundamental de alimentos e nosso maior gerador de O2 e de remoção do CO2.

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A atividade humana está alterando o modo como o mundo gira

A crise climática que vivenciamos, altera o modo como o mundo gira, literalmente. Isso é fato cientificamente demonstrado.

O eixo de rotação terrestre está se deslocando com mais velocidade, conforme o aquecimento global derrete geleiras nos polos Norte e Sul do nosso planeta. Esse mecanismo é apontado em estudo publicado nas revistas Geophysical Research Letters e American Geophysical Union, em março de 2021.

A pesquisa mostrou que a mudança climática esta por trás de uma série de deslocamentos no eixo de rotação da Terra, pelo menos desde a década de 1990.

Nos últimos 30 anos, o eixo do planeta, a linha imaginária em torno da qual a Terra gira sobre si mesma, teve um deslocamento acelerado. A avaliação indica que entre 1995 e 2020, a velocidade do movimento dos pólos aumentou 17 vezes, em comparação com o observado entre 1981 e 1995.

A rotação de qualquer objeto é afetada pela forma como sua massa é distribuída, e com o planeta não é diferente. A distribuição da massa da Terra, por sua vez, está sempre mudando de forma lenta e natural, à medida em que sua superfície se transforma.  Só que a perda de água das regiões polares, o gelo que derreteu e continua derretendo, e que escoa para os oceanos, vem alterando a distribuição das águas no planeta. O derretimento do gelo nas regiões polares e nos picos nevados de várias cordilheiras, é uma consequência direta da mudança climática provocada pelo homem.

Em menor grau, a ação de bombear água de aqüíferos para agricultura ou consumo humano também tem impacto, porque a água dos lençóis freáticos antes armazenada no subterrâneo, tende a fluir para o mar, contribuindo para a redistribuição da massa do planeta. Especialistas estimam que nos últimos 50 anos, foram extraídos quase 20 trilhões de toneladas de água de reservatórios subterrâneos, o que nunca foi reposto. A Índia é o país aonde mais isso vem ocorrendo.

Outro fator é o excesso de construções, que desloca materiais como pedra, areia, ferro e outros, concentrando-os em pequenas áreas geográficas. São cidades inteiras que vem sendo planejadas e criadas a partir do zero, ou sendo rapidamente verticalizadas. Obras de porte grandioso ao redor do Mundo também contribuem para isso. Em 2020, os objetos feitos pelo ser humano superaram, em peso, toda a vida na Terra.

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Estamos afetando a  inclinação do eixo da Terra, e esta inclinação é um dos principais mecanismos naturais que regula o ritmo do clima no planeta, distribuindo luz e calor de forma diferente para latitudes diferentes. 

Quando esta inclinação se altera, o clima em variadas latitudes também é afetado, e afeta também todo o sistema. Isso traz eventos diferenciados em áreas em que tradicionalmente não ocorrem, ou, pelo menos, não com tanta intensidade. 

Alterações nos ciclos de calor e frio, levando calor em áreas tradicionalmente mais frias, e trazendo secas em locais historicamente úmidos, também alterando o ritmo de chuvas, monções, nevascas, tempestades, tornados e furações.

Este parece ser o cenário da nossa "tempestade perfeita", e afinal de contas, estamos no antropoceno.

O efeito humano sobre a inclinação do eixo Terra, ainda não é um consenso cientifico, mas seus principais elementos tem amplo embasamento cientifico.

Assim como em 2014 comentei no texto "Termostato desregulado" que eventos extremos de frio e calor iriam aumentar, citando o que significaria em termos gerais e o principal motivo para isso, neste texto afirmo que existe a possibilidade de estarmos entrando em uma "espiral negativa" em que nossa atividade modifica e afeta o planeta, a tal ponto que ele “responde” compensando o desequilíbrio provocado pelo Homem e se reajustando. 

Iniciamos um processo de mudança planetária que deverá seguir seu rumo, até chegar a um novo equilíbrio.

Este reajuste no eixo traz como consequência direta a reordenação do clima planetário e de alguns dos sistemas naturais que regem a biosfera. Isso acelera alterações climáticas que vivenciamos, aumentando os efeitos causados no clima por nós mesmos.

Podemos ter criado um efeito dominó muito além de nossa condição de reverte-lo.

Se de fato estivermos neste processo, mesmo que o ser humano interrompa completamente as emissões de gases estufa, nosso mundo continuará mudando até atingir um novo equilíbrio, não só na distribuição de sua massa, como também um novo equilíbrio climático. 

E estaremos bem no meio disso.

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Antropoceno

Antropoceno é um termo usado para descrever o período mais recente na história do Planeta Terra, a Era dos Humanos na Fase Industrial. 

O termo foi cunhado pelo Prêmio Nobel de Química de 1995, o Dr. Paul Crutzen.  Um trecho do "Earth System Science in the Antropocene", Estudo do Dr. Crutzen, pode ser lido aqui.

Não há ainda uma data de início precisa e oficialmente apontada, mas muitos consideram que o Antropoceno começa no final do Século XVIII, quando as atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima da Terra e no funcionamento dos ecossistemas. Esta data coincide com o aprimoramento do Motor a vapor por James Watt em 1784.  

No Antropoceno a humanidade danificou o equilíbrio existente em todas as áreas naturais do planeta. Alterou a química da atmosfera, promoveu a acidificação dos solos e dos oceanos, poluiu rios, lagos e mares, reduziu a disponibilidade de água potável, ultrapassou a capacidade de regeneração da Terra e está promovendo uma grande extinção em massa das espécies. 


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Amnésia geracional

A "amnésia geracional" tem efeitos profundos na maneira como vemos o mundo e os danos causados ao meio-ambiente. Todos nós sofremos disso, não importa quão jovens ou velhos sejamos.

Basicamente consiste no fato de que cada geração recebe um mundo que foi moldado por seus predecessores, mas aparentemente esquece esse fato.  

Não é que os indivíduos não lembrem do passado que eles próprios viveram, é a Humanidade que coletivamente "esquece" o mundo natural como era antes, com o passar das gerações. 

A percepção da natureza se transforma ao longo do tempo, e fica registrada em nossa memória determinando nossa relação com o mundo natural. 

O que representa isso?

Na sua experiência de vida, aquele rio é um valão, aquela área mais afastada sempre foi um pasto, pássaros raramente cantam e não há insetos além de formigas, moscas ou baratas. 

Portanto não há como você contar para as próximas gerações sobre árvores, peixes e pássaros que você nunca viu. E se nunca viu, nunca se importou muito com isso.

Assim, as expectativas do que é um ambiente natural e saudável são cada vez mais baixas, e há uma aceitação gradual da degradação ambiental.

Esse fenômeno é conhecido como Síndrome de Deslocamento da Linha de Referência (Shifting Baseline Syndrome ou SBS).

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Pandemia

Mesmo em 2020, quando a pandemia fez as emissões de gases estufa diminuir, foram emitidos em torno de 34 gigatoneladas de CO2 na atmosfera. Cada gigatonelada representa 1 bilhão de toneladas.

Embora tenha sido uma quantidade 7% menor que em 2019, no mesmo período a concentração de CO2 na atmosfera bateu recorde.

A atividade humana está destruindo áreas naturais, acabando com a biodiversidade, desmatando em ritmo acelerado e produzindo gases de efeito estufa. 

Esta atividade também polui o solo e os oceanos com variados resíduos, de micro plásticos a metais pesados, de óleo cru a esgoto in natura e restos de lixo. Nos mares, principalmente os costeiros das grandes Cidades, em algumas áreas se encontra de tudo, pneus velhos, embalagens diversas e até tampas de privada.

Zonas mortas nos oceanos tem aumentado e se multiplicado.

A atividade humana utiliza recursos naturais muito além da capacidade de regeneração do planeta, por exemplo, a água doce, o recurso mais fundamental a vida humana e a produção agrícola e animal para seu consumo. 

No dia 29 de julho de 2021, chegamos ao Dia da Sobrecarga da Terra. Em 2020 esta data foi em 22 de agosto, e em 2019 também ocorreu em 29 de julho.

A água doce vem sendo super utilizada e mal utilizada, resultando atualmente em que uma em cada três pessoas no mundo não tem acesso a água de qualidade, para consumo e fornecida com regularidade. 

No total, 2,2 bilhões de pessoas estão nessa situação, e mais de 4 bilhões de indivíduos não têm acesso a esgoto sanitário.  

No Brasil, 35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável e 40% dos municípios não têm qualquer serviço de esgoto, representando mais de 34 milhões de domicílios sem tratamento de esgoto no País.

E todos estes dejetos vão parar em rios, aquíferos e mares.

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Pandemiceno

A ideia de um pandemiceno surgiu em um artigo de abril/2022 da revista The Atlantic feito pelo jornalista Ed Young, dono do prêmio Pullitzer de 2021 por suas matérias sobre a covid-19.

A matéria tem como base um estudo publicado na revista Nature. De acordo com o texto, o modelo de experimentação testado por cientistas de diversas universidades, mostra que com o aumento da temperatura média do planeta Terra, novos vírus de potencial desconhecido irão, inevitavelmente, atingir a humanidade e causar novas epidemias.

Pandemia de covid-19 pode ter inaugurado era de sequenciais pandemias causadas pelas mudanças climáticas.

O aumento frequente no número de pessoas entrando em contatos com vírus levaria a mais pandemias e inevitavelmente iria inaugurar uma era de proliferação intensa de vírus entre seres humanos, levando a uma “Era das Pandemias”, ou, nos termos de Ed Young, um “pandemiceno”.

Interações humanas com animais silvestres, causadas pela migração de animais para outros habitats, impactados pelas mudanças climáticas e pela atividade humana, podem acabar criando vírus mais complexos, resistentes e desconhecidos

“A parte mais preocupante disso é que a simulação mostrou que essas tendências já estão acontecendo e que  mesmo que todas as emissões de carbono cessem hoje, nada vai mudar. O impacto do aquecimento global nos hospedeiros e vetores de vírus não pode ser detido. Já começamos isso, e já está em andamento neste mundo”.  (matéria jornalistica de 2022)

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Ondas de calor geram escassez global de pólen

Foi divulgado em Julho/2022 que mesmo com água adequada, o calor pode danificar o pólen e impedir a fecundação na canola e em muitas outras culturas, incluindo milho, amendoim e arroz.
  Pesquisadores estão buscando maneiras de ajudar o pólen a vencer o calor. Eles estão descobrindo genes que podem levar a variedades mais tolerantes a altas temperaturas e criando cultivares (novas raças) capazes de sobreviver ao inverno e florescer antes do calor vir à tona.
Os cientistas estão sondando os limites precisos do pólen e até mesmo colhendo pólen em larga escala para pulverizar diretamente as plantações quando o clima melhorar.

O que está em jogo é grande parte da nossa alimentação. 

Cada semente, grão e fruta que comemos é um produto direto da polinização. (materia jornalistica)


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Embora a maioria das pessoas perceba as mudanças climáticas em andamento e se preocupe com elas e com a degradação ambiental, infelizmente esta mesma maioria não parece manter um grau de interesse no tema, além do trivial de rodas de bate-papo, e opta em não pensar muito sobre isso. 

Compreendo esta opção diante das necessidades diárias que nos tomam tempo e recursos, mas cabe compreender que o que ocorre agora pelo Mundo, ameaça o nosso estilo de vida, nossa própria sobrevivência e a dos nossos descendentes. 


LEIA:

sexta-feira, 28 de março de 2014

Termostato desregulado



“Somente depois que a última árvore ter sido cortada, 
somente depois que o último rio estiver contaminado, 
somente depois que o último peixe for pescado, 
somente então vocês entenderão, 
que o dinheiro não pode ser comido”.

Cree Indian Prophecy


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Olá a todos, 

em 2008 comentei na agora extinta Comunidade Profecias no Orkut que "O termostato (do planeta) está desregulado porque o que era não tem sido mais, desde que há registros históricos e a civilização se faz presente. Os ciclos climáticos e fenômenos da mesma natureza tem se modificado e/ou se intensificado, o que indica uma mudança e a busca natural para o reequilíbrio, já que a natureza se auto-regula."

O comentário foi fruto da observação e do registro das grandes variações de "quente e frio" que vem ocorrendo ao longo de alguns poucos anos, no extinto Boletim MidiaeProfecia, do Yahoo.

Ainda em 2008, escrevi: "Já há alguns anos noto que tem havido uma aparente intensificação das ondas de frio no hemisfério norte, e neste ano não está sendo diferente. Basta pesquisar por aqui que se perceberá um nítido padrão, bem como este mesmo comentário feito em tempos anteriores. Eu digo, na minha ignorância, que o "termostato do planeta" está desregulado, e causa excessos de frio e quente com cada vez mais frequência. 

Neste ano (2007/2008) noto que além de partes da Europa e do EUA, a América Central está sendo atingida por uma forte e incomum onda de frio, baixando muito a temperatura em locais inesperados como República Dominicana e Cuba. Mesmo o México, a quente Califórnia e a ensolarada Flórida tem sentido os efeitos do frio."
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O acima foi escrito em 05 de Janeiro de 2008 e dias depois saiu a notícia sobre recordes de frio no Oriente Médio, em países como o Irã, Emirados Árabes Unidos, Catar e Arábia Saudita. E em 11 de janeiro de 2008 houve a surpreendente informação de que nevou em Bagdá pela primeira vez desde 1914. 

Considera-se que o ano de 2008, foi o mais frio  na média desde o ano 2000. Ainda em 2008, registrou-se uma forte onda de frio na Índia que fez dezenas de vitimas fatais. Em 2013 novamente o Oriente Médio sofreu com uma forte onda de frio.

E em 2020, em 10 de Fevereiro, novamente nevou em Bagdá depois de 12 anos, a segunda vez no Século 21. Também nevou em Kerbala, local sagrado para os xiitas ao sul de Bagdá.

Sobre a datação da ocorrência de neve em Bagdá em 1914, consegui apenas apurar o ano, mas não consegui comprovar isso com registros de Jornais, Revistas ou fotos.

Algumas manchetes de 2008 sobre a ocorrência de neve em Bagdá, afirmam que a neve de 2008 foi a primeira a cair na cidade desde sempre. Já outras afirmam que foi a primeira neve em 100 anos, sem no entanto informar a possível ocorrência de 1914.  

Mas o que todos concordam é que no Século 21 e em apenas 20 anos, já nevou duas vezes na capital do Iraque. Considerando a ocorrência de 1914 verdadeira, nevou em Bagdá apenas uma vez em todo o Século 20. 

Neve em Bagdá em 2008, pela primeira vez na história?!


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Em 09 de Janeiro de 2018, na Argélia, houve neve caindo no deserto do Saara, o mais quente do mundo.

Uma rara massa de ar gelado atingiu a cidade de Ain Sefra, cobrindo de branco partes das dunas na parte da manhã. As temperaturas subiram ao longo do dia e a neve derreteu. A cidade de Ain Sefra é conhecida como porta de entrada para o deserto de Saara.

Foi a quarta vez em 37 anos (desde 1983) que uma nevasca atingiu essa região do Saara. 


No dia 07/02/2020, foi registrado o dia mais quente desde que se mede a temperatura na Antártica, com 18.3 graus centigrados. 

Apenas dois dias depois, no dia 09/02/2020, o recorde de temperatura na Antártica foi novamente superado com 20,75 graus, mais de dois graus acima da marca anterior. 

Segundo o Dr. Carlos Schaefer, pesquisador brasileiro integrante do grupo, o resultado não tem ligação direta com mudanças climáticas, pois a grandeza obtida é única e não faz parte de um conjunto de dados em longo prazo. 

(ver mais abaixo sobre "Tempo" e "Clima").






Ano após ano
(gráfico atualizado em 2020)


Então ano após ano isso vem se cumprindo, é fácil observar através dos registros do Boletim MidiaeProfecia, e estes registros são bem recentes; mas principalmente pode ser observado através de nossos Jornais e telejornais diários.

Soma-se ao comentário sobre mais extremos de frio e calor, principalmente no hemisfério norte, que ocorre em paralelo uma intensificação de chuvas e secas em diversos locais do Mundo, inclusive no Brasil.

E estes extremos de frio, como o que ocorreu no EUA no inverno 2013/2014, levam algumas pessoas a pensar que não estamos em um processo de aquecimento global, e sim de resfriamento. 

É exatamente o contrário!!


Algumas mídias tem sido tendenciosas ou ainda confusas em suas abordagens, e trazem mais dúvidas do que conclusões.  Outras mídias tem sido pagas para refutar os dados da mudança climática. 

Se você pensar friamente, e desculpe o trocadilho, vai perceber que até mesmo os extremos de frio são eventos climáticos acima das médias históricas, ou seja, fora do padrão usual, e se continuarem a ocorrer desta forma ou se intensificarem, trarão ainda mais prejuízos e mortes. 

Alguns podem Negar e Mentir o quanto desejarem, até para si mesmos, mas a Natureza é imune a propagandas, não acessa a WEB e nem assiste TV, ela apenas se ajusta.

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Atualização em 02/2021

Em fevereiro de 2021, uma das principais manchetes do Mundo fala da onda de frio no Texas, a ponto do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aprovar em 20 de fevereiro de 2021, uma declaração de desastre no Texas, atendendo ao pedido do governador Greg Abbott. O estado já está em estado de emergência por conta das fortes tempestades de neve que atingem o estado desde o dia 11 de fevereiro. Ontem (19/02/2021) Biden ordenou o envio de assistência federal a mais de 60 condados afetados pela onda de frio intenso e nevascas.  (Matéria Jornalística)

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No Oriente Médio, Jerusalém amanheceu coberta por neve após seis anos, em fevereiro/2021. A nevasca começou a cair na  capital israelense na noite de quarta-feira (17/02/2021) e deixou as autoridades em alerta. O transporte público chegou a ser interrompido e bloqueios foram colocados na saída da cidade, conforme o jornal Haaretz. Além disso, a abertura das escolas também foi postergada e estradas fechadas para circulação.  (Matéria Jornalística)

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No Brasil, uma das noticias em Fevereiro/2021, é que o Centro-Oeste e Sudeste brasileiros têm chuva abaixo da média em toda a última década

A chuva nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil — onde estão as hidrelétricas responsáveis por mais da metade da energia gerada no país — ficou abaixo da média em todos os anos da última década, apontam dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), órgão ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A falta de chuva nas duas regiões vem contribuindo para o encarecimento das contas de luz em todo o país.

De acordo com a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), entre 2011 e 2020 as tarifas de energia para consumidores residenciais brasileiros, tiveram aumento médio de 74,3%, passaram de R$ 331,00 para R$ 577,00 por megawatt-hora (MWh). (Matéria Jornalística)

Foram 74 % de aumento na energia elétrica devido a falta de chuvas no Brasil, em apenas 9 anos. E ainda tem quem ainda pense que as mudanças climáticas não afetam seu dia-a-dia. 

Imagine o efeito cascata de apenas este Custo, sobre a Sociedade brasileira e sobre seu bolso?


Mais abaixo há comentários de 2014 sobre a forte seca que assolou o sudeste do Brasil no biênio 2013/2014.

Ainda em Fevereiro de 2021, o estado brasileiro do Acre já tem quase 130 mil pessoas atingidas pela cheia de rios na capital e no interior do estado.  A enchente dos rios Acre, Juruá, Envira, Iaco, Purus e outros mananciais, além do transbordamento dos igarapés, atinge centenas de famílias. Esses moradores foram levados para abrigos montados em escolas, igrejas, ginásios, quadras esportivas e barcos. Além dos desabrigados, há várias famílias desalojadas. 

O governador do Acre, Gladson Cameli, decretou na terça-feira (16/02/2021), situação de emergência devido à cheia dos rios e também pelo surto de dengue, crise migratória na fronteira do Acre com o Peru e a falta de leitos de UTI para pacientes com Covid-19. (Matéria Jornalística)

Em Maio de 2022, o numero de mortos devido a enchentes e deslizamentos, causados por chuvas no Brasil, superou o numero de vitimas fatais de todo o ano de 2021. (Matéria Jornalística - Junho/2022)

Mais abaixo há comentários de 2014 sobre uma das maiores enchentes que assolou o Acre, no biênio 2013/2014.


Atualização em 07/2021

Em Julho de 2021, cientistas anunciam que o  planeta Terra está se aproximando de um 'ponto sem volta' climático, alertaram centenas de cientistas em um estudo divulgado nesta quarta-feira, 28/07. 

No documento, publicado pela revista BioScience, os especialistas afirmam que os governos fracassaram na tentativa de combater a mudança climática, provocada pela “superexploração da Terra”.

No estudo, os pesquisadores 31 “sinais vitais” do planeta para avaliar as condições atuais, entre eles taxas de desmatamento, emissões de gases do efeito estufa e derretimento de geleiras. Segundo os cientistas, pelo menos 18 desses índices atingiram níveis recordes preocupantes em 2021.

Apesar da redução temporária das emissões de gás devido à pandemia de Covid-19, as concentrações de CO2 e de metano na atmosfera alcançaram níveis recordes em 2021. Geleiras na Antártica e na Groenlândia estão derretendo 31% mais rápido do que há 15 anos, as temperaturas do oceano atingiram os níveis mais altos desde 2019 e o desmatamento da Amazônia brasileira também bateu um recorde em 2020.

Ainda segundo o estudo, a degradação florestal associada a incêndios, secas e extração de madeira está fazendo com que partes da Amazônia brasileira deixem de atuar na absorção do gás carbônico e se tornem fonte do gás. Os pesquisadores afirmam ainda que as populações de animais como vacas e ovelhas atingiram níveis recordes, totalizando mais de quatro bilhões, e já representam uma massa superior a de todos os humanos e mamíferos terrestres selvagens combinados.  (Matéria Jornalística)

Mas aqui entre nós, penso que não estamos nos aproximando do "ponto sem retorno", já passamos dele.

Cientistas são "gentis" quando dizem isso, porque na verdade, a questão agora me parece ser a de minimizar os prejuízos e se adaptar a nova realidade climática que se impõe, embora nem sequer tenhamos parado de poluir e degradar. 

Embora em Fevereiro ultimo, áreas do EUA, Europa, Ásia e mesmo do Oriente Médio, tenham experimentado um frio intenso e incomum, conforme comentado acima neste texto, apenas 4 meses depois, por exemplo, a América do Norte experimentou o mes mais quente já registrado.  

O oeste do Canadá, o Estados Unidos e o México viram os termômetros cravarem 50ºC . Na Finlândia foram registrados 34,7ºC em plena Lapônia, a terra de Papai Noel, e na Sibéria, Rússia,  fez 48ºC. 

O intenso calor no hemisfério norte em junho e que continua em Julho, trouxe, dentre outros efeitos, centenas de incêndios em países como Canadá, EUA, Turquia, GréciaItália e Russia. Ocorreram chuvas intensas na Europa e na China, também várias mortes.

Em contraponto, o hemisfério sul em sua porção mais habitada, o sul da América latina, enfrenta um frio incomum

No Brasil por exemplo, agora em julho,  especificamente em 28/07, nevou ou caiu chuva congelada em pelo menos 43 municípios na região Sul. Dia 27/07, o Inmet, Instituto Nacional de Meteorologia,  emitiu alerta de perigo para baixas temperaturas, em 16 estados e no Distrito Federal. 

Atualizações em 08/2021

Novo relatório de painel internacional de cientistas diz que influência humana no clima é “inequívoca” e que aumento de temperatura pode superar 1,5 ºC já em 2040. As mudanças climáticas são reais, causadas pelo homem, estão se intensificando numa velocidade espantosa, sem precedentes nos últimos 2 mil anos (pelo menos) e com consequências potencialmente gravíssimas para os seres humanos e o planeta, incluindo a intensificação de tempestades, secas e ondas de calor extremo. (Matéria Jornalística)

Itália registra 48,8 °C e pode bater recorde europeu. 
Se confirmada pelo serviço meteorológico italiano, temperatura na Sicília será a mais alta já registrada no continente. Onda de calor vem provocando graves incêndios na Grécia, na Turquia, na Albânia e na Argélia. (Matéria Jornalística)

Europa em chamas: quatro motivos por quê. 
Com quase metade do verão europeu transcorrido, a área queimada por incêndios florestais que devastam os Bálcãs, Itália e sudeste do Mediterrâneo já supera as médias anuais. Cientistas culpam a mudança climática. (Matéria Jornalística)

Brasil - Com crise hídrica, Aneel mantém em agosto/2021 bandeira vermelha 2, a mais cara. 
"Em julho, as afluências nas principais bacias hidrográficas do Sistema Interligado Nacional (SIN) continuam entre as mais críticas do histórico. Agosto inicia-se com igual perspectiva hidrológica, com os principais reservatórios do SIN em níveis consideravelmente baixos para essa época do ano", diz a agência. A mudança vem num momento em que os principais reservatórios de água no país estão num nível crítico, devido à falta de chuvas. (Matéria Jornalística)

A reversão dos polos magnéticos da Terra está causando as mudanças climáticas?
A ciência reconhece dois fenômenos em curso no planeta: as mudanças climáticas, provocadas pelo aumento gradativo da temperatura média global; e o deslocamento dos polos magnéticos da Terra. Os dois coincidem com o fato de que estamos vivenciando com mais frequência eventos extremos, como as inundações históricas ocorridas na Alemanha em julho deste ano, os incêndios devastadores em países da região do Mediterrâneo, na Europa, e o derretimento de geleiras no Ártico. (Matéria Jornalistica)   

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O Motivo



O motivo pelo qual isso acontece, e não havia intuído até meados de 2008, segue em termos bastante compreensíveis.

Não é uma explicação científica, não sou cientista.

É apenas o que eu percebo como o fator mais relevante disso tudo, e me sinto tranquilo em comentar justamente porque o padrão não só permanece como se intensifica, e isso foi previsto conforme os registros de 6 anos atrás (este texto foi originalmente escrito em 2014).

O frio está se intensificando (em alguns locais e sazonalmente) porque a evaporação da água está aumentando, e a evaporação está aumentando porque a Terra está se aquecendo.

Então, apesar de estar fazendo mais frio no inverno, inclusive em locais aonde isso não ocorre tradicionalmente, notadamente no Hemisfério Norte, a resposta é o aquecimento global que vem afetando o "Ciclo das águas".


Este aumento de frio é na verdade, uma evidência do aquecimento devido a maior ingestão de energia no sistema natural, através do vapor d´água. E o Hemisfério norte está sendo mais afetado pelos extremos de frio e calor, porque a distribuição de terras e águas neste Hemisfério é inversa a do Hemisfério Sul. No Sul temos mais água, no Norte mais terra.

Portanto a dinâmica da  troca de calor e frio entre os Oceanos e as áreas continentais, acontece de uma maneira diferente nos Hemisférios Norte e no Sul do planeta, e certamente isso explica porque o Norte está sendo mais afetado pelos extremos do que o Sul.

Cabe ainda dizer que no caso das ondas extremas de frio, existe também a questão de que há áreas amplamente habitadas nas regiões mais próximas da calota polar no Ártico, algo que não acontece no Hemisfério Sul, e por esta razão, mais pessoas são impactadas.

Trocas de calor e frio


E é também esta mesma dinâmica que faz com que haja a intensificação de chuvas aonde há a impossibilidade de neve, e isso também afeta ventos e a própria distribuição de umidade na superfície da Terra, também trazendo secas históricas, como a que ocorreu no nordeste brasileiro até meados de 2013, ou ainda a que ocorre neste momento no oeste do EUA, lembrando também a seca bem aqui em São Paulo, aonde os níveis dos reservatórios atingiram níveis tão baixos que nunca foram atingidos (menos de 14% de reserva), isso enquanto o estado do Acre está isolado pela maior cheia que se tem registro.

Sistema Cantareira de fornecimento de água, SP, março de 2014

Cheia histórica no Acre - Rio Branco - Março de 2014

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CO2, Metano, CFCs (Clorofluorcarbonetos), Ozônio e Ácido Nítrico
O motivo básico da mudança na dinâmica das trocas de calor e frio no Planeta, é a mudança climática promovida pelo acumulo de gases de efeito estufa, que retém o calor no Sol na atmosfera, gerando o efeito estufa e trazendo o aquecimento global, mas isso não se traduz apenas em quente, já que a natureza é um sistema que se autocompensa.


O 'TEMPO' é um estado físico e momentâneo das condições atmosféricas, em um determinado local. É a influência condições atmosféricas ou meteorológicas, sobre a vida e as atividades humanas.

O 'Tempo' pode se traduzir em frio ou calor extremos, em variações bruscas de temperatura, umidade relativa do ar e pluviosidade, intensificando-se os eventos de acordo com o período do ano. Por exemplo, ainda não houveram ondas extremas de Frio no Verão, nem ondas extremas de calor no Inverno.

O 'CLIMA' é o estudo mais extenso (um minimo de 30 anos) para determinar o conjunto dos tipos de 'Tempos' mais comuns em um determinado lugar, ou ainda no planeta inteiro. 

O 'Clima' abrange uma quantidade muito maior de dados, representa um padrão geral das condições meteorológicas (variações anuais de temperatura, umidade, pressão do atmosférica, ventos), que se alteram de acordo com as estações do ano. Isso é fundamental para se poder prever eventos oriundos das condições de 'Tempo',  para uma determinada localidade, região ou todo o planeta.

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Até o momento esta alternância de extremos quase sempre tem obedecido a padrões sazonais, ou seja, muito frio no inverno, muito calor no verão, e etc... , mas até quando?

Porque chegará o momento, e podemos estar na iminência disso, em que ocorrências sairão da sazonalidade, e aí os prejuízos serão ainda maiores do que já são, e conseqüências indesejáveis irão advir disso, como a fome e o desemprego. 

Embora a maioria das pessoas perceba as mudanças climáticas em andamento e se preocupe com elas e com a degradação ambiental, infelizmente esta mesma maioria não parece manter um grau de interesse no tema, além do trivial de rodas de bate-papo, e opta em não pensar muito sobre isso. 

Compreendo esta opção diante das necessidades diárias que nos tomam tempo e recursos, mas cabe compreender que o que ocorre agora pelo Mundo, ameaça o nosso estilo de vida, nossa própria sobrevivência e a dos nossos descendentes. 

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H2O

Por exemplo, quando as pessoas pensam em ÁGUA, acham que trata-se apenas de água para beber, e alguns até surgem com sugestões inviáveis para o suprimento do recurso, levando em conta apenas este fator. Talvez no futuro próximo seja até possível continuar suprindo os 8 % de consumo residencial de água no Brasil, mas como suprir os 70% necessários na agropecuária, ou os 22% da indústria?

Então o que estes números representam?

Que uma redução do recurso água traria de imediato a quebra de produção de setores vitais de nossa economia, e isso traria desemprego e desabastecimento, elevação dos preços, crises sociais e por fim a fome a milhares de pessoas.

Portanto, muito antes de chegarmos a efetiva sede em nossas casas, nossa Sociedade "secará" pela improdutividade, pela crise, pelo aumento absurdo de preços e pelo desemprego.

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ciclo hidrológico é a principal engrenagem do Clima na Terra

Se a gente comparar o Ciclo Hidrológico a um 
Motor a combustão, o Sol é a gasolina e nossa 
atividade frenética no planeta é o Nitro (NOS).

A mudança no ciclo hidrológico tem trazido mais extremos de frio e calor, chuva e seca, assim como outras ocorrências climáticas fora de padrão histórico, e para observar isso basta lermos as manchetes dos jornais e as TVs.

Isso é o "termostato do planeta", ele está desregulado e nós contribuímos diretamente para isso, desde nossas emissões danosas na atmosfera, terras e mares, até o desmatamento que afeta a Transpiração vegetal e impacta diretamente na umidade do ar e no ritmo das chuvas, somado tudo isso a degradação ambiental de esgotos, resíduos industriais, produtos químicos, plásticos, pneus e muito lixo lançado no meio-ambiente.


A Terra está mudando, e o aquecimento da biosfera, por contraditório que pareça, gera também a intensificação sazonal do frio em várias regiões.

As emissões não diminuem, a devastação da natureza não acaba, então me parece questão de tempo até que os limites de normalidade climática que conhecemos sejam rompidos. E como dito, a partir disso ocorrerão problemas enormes em nossas Sociedades. 







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Bem Vindo ao Antropoceno

Antropoceno é um termo usado para descrever o período mais recente na história do Planeta Terra, a Era dos Humanos na Fase Industrial. 

O termo foi cunhado pelo Prêmio Nobel de Química de 1995, o Dr. Paul Crutzen.  Um trecho do "Earth System Science in the Antropocene", Estudo do Dr. Crutzen, pode ser lido aqui.

Não há ainda uma data de início precisa e oficialmente apontada, mas muitos consideram que o Antropoceno começa no final do Século XVIII, quando as atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima da Terra e no funcionamento dos ecossistemas. Esta data coincide com o aprimoramento do Motor a vapor por James Watt em 1784.  

No Antropoceno a humanidade danificou o equilíbrio existente em todas as áreas naturais do planeta. Alterou a química da atmosfera, promoveu a acidificação dos solos e dos oceanos, poluiu rios, lagos e mares, reduziu a disponibilidade de água potável, ultrapassou a capacidade de regeneração da Terra e está promovendo uma grande extinção em massa das espécies.  

O Relatório Planeta Vivo 2018, divulgado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) no final de outubro, mostra que o avanço da produção e do consumo da humanidade, tem provocado uma degradação generalizada dos ecossistemas globais e gerado um ecocídio da vida selvagem do planeta: as populações de vertebrados silvestres, como mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios, sofreram uma redução de 60% entre 1970 e 2014.

Em 2019, em 29 de Julho, a Terra atingiu o ponto máximo de uso de recursos naturais que podem ser renovados sem ônus ao meio ambiente, o mais cedo de toda a série histórica, medida desde 1970. Em 2018 a data foi em 01 de Agosto.

Isso significa que todos os recursos usados para a sobrevivência (água, mineração, extração de petróleo, consumo de animais, plantio de alimentos com esgotamento do solo, entre outros pontos) entram em uma espécie de "crédito negativo" para a humanidade a partir deste ponto, medido anualmente. 

Para manter o mesmo padrão de consumo atual, seria necessário hoje 1,75 planeta Terra. 
Temos apenas UMA!!


Em 2021, ainda durante a pandemia, a pegada ecológica total da Terra aumentou 6,6% em relação a 2020, fazendo com que o Dia da Sobrecarga ocorresse em 29 de julho. 

Em 2019 era necessário 1,75 planeta para sustentar nosso padrão de consumo. Em 2020, com a pandemia, esse número caiu para 1,6, de acordo com a GFN (Global Footprint Network), organização internacional responsável pelo cálculo. Agora o número voltou a subir: precisamos de 1,7 planeta.   (matéria jornalistica de 2021)

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O que é ‘pandemiceno
(Maio de 2022)

A ideia de um pandemiceno surgiu em um artigo de abril/2022 da revista The Atlantic feito pelo jornalista Ed Young, dono do prêmio Pullitzer de 2021 por suas matérias sobre a covid-19.

A matéria tem como base um estudo publicado na revista Nature. De acordo com o texto, o modelo de experimentação testado por cientistas de diversas universidades, mostra que com o aumento da temperatura média do planeta Terra, novos vírus de potencial desconhecido irão, inevitavelmente, atingir a humanidade e causar novas epidemias.

Pandemia de covid-19 pode ter inaugurado era de sequenciais pandemias causadas pelas mudanças climáticas.

O aumento frequente no número de pessoas entrando em contatos com vírus levaria a mais pandemias e inevitavelmente iria inaugurar uma era de proliferação intensa de vírus entre seres humanos, levando a uma “Era das Pandemias”, ou, nos termos de Ed Young, um “pandemiceno”.

Interações humanas com animais silvestres, causadas pela migração de animais para outros habitats, impactados pelas mudanças climáticas e pela atividade humana, podem acabar criando vírus mais complexos, resistentes e desconhecidos

“A parte mais preocupante disso é que a simulação mostrou que essas tendências já estão acontecendo e que  mesmo que todas as emissões de carbono cessem hoje, nada vai mudar. O impacto do aquecimento global nos hospedeiros e vetores de vírus não pode ser detido. Já começamos isso, e já está em andamento neste mundo”.  (matéria jornalistica)


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Ondas de calor geram escassez global de pólen

Foi divulgado em Julho/2022 que mesmo com água adequada, o calor pode danificar o pólen e impedir a fecundação na canola e em muitas outras culturas, incluindo milho, amendoim e arroz.
  Pesquisadores estão buscando maneiras de ajudar o pólen a vencer o calor. Eles estão descobrindo genes que podem levar a variedades mais tolerantes a altas temperaturas e criando cultivares (novas raças) capazes de sobreviver ao inverno e florescer antes do calor vir à tona.
Os cientistas estão sondando os limites precisos do pólen e até mesmo colhendo pólen em larga escala para pulverizar diretamente as plantações quando o clima melhorar.

O que está em jogo é grande parte da nossa alimentação. 

Cada semente, grão e fruta que comemos é um produto direto da polinização. (materia jornalistica)


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Embora a maioria das pessoas perceba as mudanças climáticas em andamento e se preocupe com elas e com a degradação ambiental, infelizmente esta mesma maioria não parece manter um grau de interesse no tema, além do trivial de rodas de bate-papo, e opta em não pensar muito sobre isso. 

Compreendo esta opção diante das necessidades diárias que nos tomam tempo e recursos, mas cabe compreender que o que ocorre agora pelo Mundo, ameaça o nosso estilo de vida, nossa própria sobrevivência e a dos nossos descendentes. 




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